Há um fenômeno chamado “ciclo
da mudança” no qual é muito comum sentimentos que oscilam entre
coragem/entusiasmo e medo/indecisão. Isso é bastante natural e praticamente
todas as pessoas enfrentam sentimentos dúbios no caminho para a mudança, porém
alguns sentem o impacto mais do que outros.
Vale lembrar que aquele
que busca mudança tem uma grande razão e/ou está descontente com a realidade
que está vivendo. Estas devem ser molas propulsoras de incentivo para manter-se
no processo.
Neste caminho há alguns
passos importantes, o ciclo da mudança:
1. Descontentamento: a pessoa está insatisfeita, mas confortável
onde está. Protela mudanças, busca ocultar o que sente, disfarçar para si
mesmo, e vai levando, levando, levando, até chegar ao passo...
2. Bravura: é o ponto de ruptura, no qual a pessoa
passa por algum evento ou sentimento traumático, doloroso, irritante, ou uma
situação insuportável, que a força olhar para o que estava ocultando. É o ponto
do “não aguento mais isso”. Neste ponto, é possível passar para o próximo passo.
3. Decisão: a pessoa tem consciência de que
precisa e pode optar pela mudança para sair daquele sentimento/situação, e
decide então partir para a mudança. Em seguida, geralmente acontece o próximo
passo.
4. Medo: confortável com a situação anterior, embora
infeliz, a pessoa não havia se dado conta dos impactos que uma mudança na vida
pode causar. Quando começa a pensar nesses impactos, o medo cresce, e seu grau
varia de pessoa para pessoa – de um leve receio a um medo pavoroso,
limitador. Se o medo for leve, a pessoa
tende a ir adiante com o plano da mudança, mas se for extremo, pode levar a...
5. Amnésia: o cérebro opta por esquecer a ideia da
mudança e até, sufocar a dor que sentiu e que desencadeou a necessidade de
mudança, “apagando” a memória do ponto de ruptura. Desencadeia mecanismos de
autossabotagem por autoproteção. O próximo passo, se o caminho tiver sido o do
medo, leva a...
6. Retroceder: a pessoa retorna ao antigo
contexto/padrão, seja um emprego, estado de saúde, relacionamento, hábito,
vício. O cérebro torna-se tão eficiente nisso que pode chegar a convencer
temporariamente a pessoa de que o contexto anterior não era assim, tão ruim,
mesmo que seja.
Com essas informações, é
fundamental que a pessoa compreenda que este ciclo acontece com muitas pessoas,
então não precisa se culpar por agir assim. Por outro lado, também é preciso
compreender que, se não quebrar este ciclo, vencendo o medo e indo em frente, o
ciclo se repetirá, fazendo com que a pessoa reviva o processo de dor. O impacto
em geral é o de que, a cada repetição do mesmo ciclo, a dor que gera o ponto de
ruptura tende a ser maior, progressivamente, até um ponto em que a pessoa já
sofreu tanta dor que não tem mais escolha, ou que a vida faz essa escolha pela
pessoa, o que não costuma gerar resultados satisfatórios.
O Coach precisa ser um
ponto de apoio e incentivo para que a pessoa compreenda que não é necessário
permitir uma catástrofe pessoal para mudar suas escolhas, enfrentando seu medo.
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